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Ebook – Fragmentos: uma coletânea de poesias (Maria Eduarda)


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A primeira vez em que ela apareceu eu busquei o auxílio da razão, respirei fundo e convenci a mim mesma de que ela não estava realmente ali, de que era tudo fruto da minha própria confusão.
Com o tempo foi ficando mais difícil ignorar sua presença me encarando, ali, estática, mas ao mesmo tempo avassaladora. Percebi logo que somente eu poderia vê-la, somente eu a enxergara o tempo todo comigo, sua presença havia sido escolhida a dedo pra mim.
Ao abrir os olhos pela manhã, vezes por sorte eu tinha esses 3 segundos de completa ignorância, os quais me mantinham sã, ou pelo menos sã o suficiente pra que não morresse de medo. Mas assim que esses 3 segundos se perdiam com a volta da consciência ao acordar, ela aparecia ali, como se estivesse ali o tempo todo, me esperando, pra me lembrar de que na verdade ela não tinha ido a lugar algum, e de que não pretendia ir tão cedo.
Clamei Deus em um momento de desespero maior, tentei explicar aos meus amigos sobre essa presença que o tempo todo flutuava sobre mim, como uma nuvem pesada que ameaça a chover, mas nunca chovia. Um tentou ser solidário e compreender, me disse até que sabia que choveria, mas que era garoa, e não furacão. Mas eu sabia melhor que isso, eu sabia que ela seria aquela nuvem te ameaçando a ficar em casa pra sempre. E se chovesse, eu seria aquela mobília arrastada por ela, sem rumo, sem livre arbítrio ou escolha de direção, um objeto permanecendo em movimento até que parado por uma força maior.

*Trecho do Texto Eden – Maria Eduarda Martins

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