Em seu livro de estreia,
“Flores do mangue”, o poeta piaui-
ense, José Dias Pereira constrói a
sua narrativa poética e a sua lí-
rica, a partir do olhar calejado e
sensível do homem simples nordes-
tino, ora introspectivo sobre as
intempéries da vida urbana, ora
carregado com os valores que lhes
são importantes à vida simples que
deseja.
Do mangue, duas partes inte-
ressantes constituem uma pequena
analogia igualmente poética à obra
do nosso Zé Pereira, como gosta de
ser chamado: os gravatás e as si-
riúbas, que também deram título
aos dois capítulos de “Flores do
mangue”.
Os gravatás são plantas epí-
fitas, da família das bromélias,
ou seja, que vivem sobre outras
plantas compartilhando do mesmo
ecossistema. No mangue, os grava-
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tás vivem sobre as siriúbas, vege-
tação que, embora tenha um aspecto
ressecado, quase sombrio, por
conta de suas raízes aparentes,
gera umas florezinhas simples, de
petalazinhas brancas, silenciosas,
urgentes de paz. O gravatá é, para
a poesia do nosso trovador, o
canto desse homem simples do nor-
deste, que observa a vida urbana
com saudade de suas raízes, de sua
vida simples nas siriúbas.
“Flores do mangue” fala por
si. É o genuíno produto de um ar-
tista popular que lê e que observa
o mundo a sua volta, pondo para
fora tudo do que está cheia a sua
alma. Com vocês, Zé Pereira!
ALEPA
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