PREFÁCIO – Cada vez mais me convenço de que os poetas são seres totalmente camufláveis: seus rostos adquirem a expressividade daquilo que os seus olhos contemplam. Ser poeta é ser mágico, místico, profeta… poetas são seres alados que pairam sobre as dores e aflições humanas… às vezes, emudecem, tamanha a estupefação pelo que os seus sensíveis olhos contemplam; outras vezes, inconformados, fazem de seus versos uma bandeira na constante luta contra as injustiças geradas pela maldade humana.
Assim é a poesia deste magnífico poeta baiano, Leandro Flores, que transforma os seus versos em bálsamo para as nossas dores. Sua poesia recende ao perfume das mais belas rosas; porém, quando necessário, ostenta a agressividade dos espinhos dessa mesma flor. Viajando pelas estradas poéticas, abertas pela sensibilidade de sua alma, nos encantamos com a beleza da paisagem! Seus versos se revestem de uma força que denota toda a sua paixão pela vida e suas infinitas possibilidades. O poeta decanta – em versos sublimes, doloridos, sensuais… – todo o seu amor pelas mulheres e pelo místico universo que as rodeia. E, com muita pertinência, ora se faz senhor; ora se faz escravo, dos desejos que se apossam de sua amada. E, não raro, confessa: “Entrego-me de vez a esse amor bandido. Fugir para que, se já roubou minhas forças e vontades?” E, em êxtase, se curva em reverência ao universo feminino; e, extasiado, canta e encanta com os versos que brotam do coração, da alma… e com a voz que sai da garganta. Exalta a mulher-mãe: “Mãe guerreira, mãe dengosa, mãe sofredora… Mãe que gera, mãe que cria, mãe do lar.”; exalta a mulher-companheira, a mulher-amante: “Mulheres! Ai que delícia! Mulheres fazem amor!”
E, de repente, o poeta nos leva a descobrir que o ato de amar se transforma num “duelo de deuses”, onde os amantes se provocam, se desejam, se arranham, se rejeitam… e de forma insana e incendiária, se esfregam, se encaixam e se permitem experimentar a plenitude do amor: um amor sem regras, sem lógica, indescritível, insaciável…
No entanto, mesmo tomado de amor e paixão pela vida, o poeta não consegue reprimir a voz dentro do peito, quando os seus olhos se deparam com as injustiças sociais, com a depredação célere e irresponsável do Planeta Terra; assim sendo, coloca os seus versos – que é a arma e a alma do poeta! – a serviço dos injustiçados, a serviço da natureza….
Leandro Flores se desnuda, rasga as vestes e o coração, se mostra por inteiro… ora poeta ingênuo a se encantar com o puro mel que se extrai das flores do amor; ora poeta-amante com uma dose homeopática de sensualidade, de cafajestice, de malandragem… que o levam a descrer do amor, sem, contudo, deixar de desejá-lo com a ardência que inflama e incendeia o corpo e o coração dos amantes.
Reconhecendo a sua fragilidade, a sua vulnerabilidade, as suas imperfeições, Leandro Flores – num maravilhoso gesto de humildade – deixa cair a máscara e confessa: “O herói que você vê todos os dias e admira, não existe. Ele não passa de um impostor.”
E porque a missão do poeta é levar a leveza ou a rusticidade dos seus versos a todos os corações e almas, aquietando-os ou inquietando-os; mas, acima de tudo, levando paz, harmonia, serenidade, alegria… talvez, por isso, ainda que com o coração sangrando, o poeta Leandro Flores não descrê da possibilidade de um mundo movido pela solidariedade, pela justiça, pelo amor…
Talvez, num momento etéreo, em que a alma do poeta fremia num agoniante e espasmódico orgasmo – frente às injustiças mundanas e aos muitos amores desfeitos – os seus olhos tenham contemplado o sorriso das pedras!
As pedras conhecem a insanidade e a insensibilidade humana… sabem da inutilidade das lágrimas… por isso, optam por sorrir: um sorriso de puro desespero, em virtude da impotência causada pela imobilidade a elas imposta!
Por isso, não me assusto quando – viajando nas entrelinhas dos versos depositados nas alvas páginas deste livro – vislumbro “a outra face do poeta” Leandro Flores: uma face pétrea, inconformada com as injustiças mundanas e com a maldade humana; mas que retira do mais profundo do seu “ser poético” forças e razões para sorrir. Ainda que seja um “sorriso de pedra”!
Alexandre Brito
Poeta, Ator e Oficial da Força Aérea Brasileira
Maria Nascimento –
Excelente livro! Inspirador!
Maria Nascimento –
NILMARA –
Excelente! Uma viagem por diversos caminhos repletos de sentimentos, cada poesia te leva para um lugar diferente.
NILMARA –