O mundo acaba para inúmeras pessoas em fração de segundos e não nos damos conta, estamos envolvidos e concentrados no cotidiano desenfreado de idas, vindas, angústias, por vezes, tolas e objetivos que escolhemos perseguir, centrados em nosso umbigo.
De repente, um mal invisível cria barreiras, separa entes queridos, proíbe afagos e faz doer. Limita passos, reduz a corrida diária, provoca o olhar para dentro de cada um, faz repensar o tempo que passou e reconstruir o novo, desapressado e mais atento ao presente, esse tempo desprestigiado, entre o que já passou e o que aos poucas é construído, e acostumamos passar por ele com muita pressa, e quando nos damos conta, já é passado.
Lutar pela cura enquanto o luto não é vivenciado, oferecer conforto enquanto feridas são sucumbidas à velocidade dos mundos que vão acabando aos montes, sem nomes, faces e histórias, apenas um emaranhado de dados.
O mundo continua acabando aqui bem perto, e criar novos hábitos e vínculos favorece o equilíbrio mental, traz o mundo lá fora aqui para dentro e fortalece a caminhada.
As cartas que chegam são afagos, abraços e acolhida, trazem notícias de regiões distintas, o olhar humano, as palavras que imprimem as verdades por cada um vividas, enquanto a esperança nos diz que o mundo há de “desacabar” em um novo ano.
Renata Rimet
Educadora, escritora, mediadora de leitura e poeta.
Instagram: @renatarimet